segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Estado laico?

(na integra)





“...Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do céu, num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu...”

Uma gaivota sem cor, outra multicor e assim por diante, aves que vivem suas vidas tranquilamente, despretensiosas, respondendo apenas a lei das penas. Quando transam usam camisinha, se esquecem, tomam pílula do dia seguinte, se tudo isso não funciona, abortam. São gaivotas felizes, preocupadas única e exclusivamente com suas próprias vidas, responsáveis por suas decisões. Frequentemente se correspondem com suas primas de outras dimensões, são a favor da utilização de células tronco para o avanço da medicina, não veem mal algum no casamento homossexual e por vezes dão um olá pra senhora Marijuana.

Maluquice? Não. Apenas uma visão do caleidoscópio ultrassônico de um futuro que poderia ser presente, se as criaturas permitissem que o criador fizesse seu trabalho (de julgar), e seus incríveis seres simplesmente se amassem, como foi pedido.

Universitários do país inteiro têm saído as ruas com rostos pintados, gritando frases de efeito, levantando cartazes e bandeiras em busca de um estado laico (óbvio, que não os universitários adamantinenses, afinal ‘conformar-se’ é palavra de ordem), mas de que isso vale, se no preambulo da própria constituição brasileira de 88 diz-se:   "Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL."

Pois é meus caros, até o soberano é metido nos “rolos” brasileiros. Mas há uma explicação. De acordo com a linha de pensamento freudiano, a religião nada mais é que um cabresto para os homens, pois assim o lado animal do humano é contido e a ordem é estabelecida em nome de um supremo, mesmo que não seja visto, só é preciso que acreditem na sua existência. Sem a religião Sodoma e Gomorra seriam  próprio planeta terra, onde não existiria noção de certo e errado, o valido seria “faz o que tu queres, pois é tudo da lei”. Pense, quando criança, quem nunca ouviu: papai do seu não gosta, papai do céu castiga. É, até hoje você não puxa o rabo do gato porque o papai do céu não gosta ou castiga; isto existe dentro de você, está dentro da sua cabecinha. (Quem diz isso é Freud, mas claro com suas palavras rebuscadas e frescurentas. Leia “O Futuro de uma Ilusão de Freud” e entenda mais a fundo essa loucura).

Meus caros, esqueçam. Nunca teremos um estado laico. Observe, nas repartições públicas estão cheias de símbolos religiosos, na nota de R$50,00 está escrito “Deus seja louvado” (logo na nota de 50, Deus não é o cara da pobreza, castidade e obediência?), o aborto, embora seja caso de saúde pública (se existe o livre arbítrio, a mulher tem o direito de decidir se quer ou não largar mais uma criatura jogada por ai, no fim ela se acerta diretamente com o todo poderoso) não é legalizado; as pesquisas com células tronco, a salvação de muitos que com histórias, em dezenas de países é proibida em defesa dos que nem existem ainda; ah, o mais engraçado, podemos olhar estrelas, mas pra certas divisões é errado procurar vida por lá, ah qual é?!, seria muito desperdício se em sete dias de criação o soberano tenha colocado vida apenas na terra.

Sim, meus irmão e minhas irmãs, vós que estais reunidos lendo esse bendito jornal, se esperam por igualdade, esqueçam. Religião não é constituição, mas enquanto valores religiosos estiverem sendo colocados a frente das decisões que dizem respeito ao bem comum, a igualdade e a liberdade, os homens estarão se travestindo de deuses e julgando o começo já pelo fim.





Nenhum comentário: