segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Ritual

Observo as pessoas meio ao som, as luzes. Os corpos se movimentam sensualmente, a pele soa, as conversas são gritadas, por vezes não entendidas.

Copo de álcool na mão, cigarro entre os dedos, a fumaça e o cheiro andam no vento das paredes sem teto. Onde há teto as pessoas não fumam, mas a fumaça de gelo seco preenche espaços e se mistura aos pontos de luz que cortam o salão e iluminam os seres.

Os saltos são altos, os cabelos compridos, shorts e mangas curtas, o calor e a moda se fundem. O tênis, a calça e o boné são de marcas caras, tatuagem por modismo, músculos definidos e amostra, jovens cada vez mais ‘Globais’.

Indivíduos se engalfinham um nos outros cheios vontade e nenhum conhecimento reciproco, as batidas graves do som indicam o ritmo, enquanto o que importa realmente é a pegação. Quem não tem par move-se com o copo na mão, como se o álcool o tornasse melhor.

Mania curiosa essa dos humanos, que se afirmam tão superiores, mas se portam como animais nesse ritual da juventude, que por fim chamam de balada, diversão.

Saudade!


Estive refletindo a respeito da saudade. Quem ela é? Pra que ela serve? Ela de fato existe?

Segundo definições chinfrins, saudade é o sentimento de falta de alguém ou alguma coisa. Bobagem. Saudade é a lembrança que não passa; é o que se lembra quando vê um carro familiar ou o que se sente quando a janela do msn sobe com o nome de quem você nem conversa mais por motivos imbecis ou egocêntricos e sorri e o coração arde.

Saudade é um parasita localizado no cérebro que se alimenta de recordações e trás complicações a vida de seu hospedeiro por produzir choro e sentimentalismo.

Saudade é uma emoção inútil que humaniza o homem moderno e o faz ver que não é o centro do universo. Saudade é nostalgia de pobre que não sabe o que é nostalgia. Saudade é o tempo perdido lembrando.

Saudade é um bem intangível que dá créditos ao coração. Saudade é o adeus ou o até logo do logo que nunca aconteceu. Saudade é o verbo aplicado no passado. Saudade são marcas que não cicatrizam e não apagam. Saudade é o gostar mesmo quando não quer.

Saudade é saudade, cada hora com uma face, com uma história; desnecessária e promíscua, invisível a olho nu, porém real.