terça-feira, 18 de agosto de 2009

Smille


Era uma vez, ou duas ou três, uma pessoa que vivia na vida e fazia parte do mundo. Era uma vez, ou duas ou três, um Alguém que simplesmente vivia seguindo o ritmo da história, sem fazer muita pose na existência e nem muita força pra existir, simplesmente existia e isso era essencial e parecia ser o bastante pra preencher sua essência.

Em um belo dia, do tempo comum, o certo Alguém seguia os caminhos da vida, cumprindo a rotina corriqueira do seu existir, até que sem mais nem menos, esse conto de verdade, fica mais interessante. No tempo comum do belo dia, o que sempre pareceu estar lá, e de fato sempre esteve, ficou visível aos seus olhos e talvez ao seu coração.

Na rotina do amém, algo novo (mas velho) aconteceu. Bumbum redondinho, corpo bem feito, cabelo bonito, um atrás lindo; era tudo o que vera e lhe pareceu interessante. 'Gloria ao pai, ao filho e ao espírito santo', e pensava a quem poderia pertencer aquelas formas que tanto lhe chamara a atenção. 'A paz esteja convosco; o amor de Cristo nos uniu', mas a paz não vinha, a gripe do porco impedira, e o rosto quando veria? 'Pai nosso que estais no céu, santificado seja o vosso nome... e não deixei-nos cair em tentanção' e o titular do belo formado vira o rosto pro lado, o certo Alguém vê e pensa: você? Como? Você sempre esteve ai e nunca te notei, como pode ser você?

O certo Alguém, que por sua vez é muito incerto, perde horas e horas da semana que viera pensando nas formas, no dono delas; simplesmente pensava, sem fazer força pra lembrar, mas fazendo força pra esquecer, lembrava e pronto.

A rotina comum seguia, preenchendo o ser, mas deixando o vazio, o dia do amém se aproximava e o pensamento, a lembrança atordoavam o Alguém que não fazia muito mais, que recordar das formas e do dono delas.

Banho tomado, cabelo arrumado, roupa bonita, 20 minutos para o amém, chave do carro na mão, celular no bolso, hora de ir. Chave no contato, carro ligado e o caminho andando. No meio do destino a surpresa, naquele dia o proprietário das formas, exercitava-se, caminhava, não iria ao amém; que merda, pensou. Mas de repete, não mais que de repente o dono e proprietário sorri, o Alguém desaba, ganha um sorriso de quem sempre vera, mas nunca notara; o sorriso, é tudo que tem, e agora só faz pensar, lembrar, o sorriso...