quinta-feira, 19 de maio de 2011

El poder


Reis nascem e morrem na democracia vigente. As notas com rostos e números dão e tiram o poder de dois ou três, enquanto milhões rastejam implorando migalhas e se fazendo de bobo da corte para agradar o soberano.

Olhem o homem de chapelão da cidadezinha. Antes era só mais um otário no meio da multidão, agora é um otário com dinheiro, então um otário dominador. Analisem a fivela em seu sinto e a linda loira ao seu lado, impressionando como o escambo se aplica em todas as áreas da vida.

Sem senso de humor e com nenhuma noção de gestão, reizinhos malditos, desperdiçam suas cédulas em aplicações furadas que implicam num gozo rápido de um pau mole. A postura de magnata e a mente de um Zé Ninguém deslumbrando com o ouro do Tio Patinhas que por sorte ou ironia do destino, agora banha seu robusto corpo.

Por que há tantos imbecis com dinheiro se vestindo de supermachão, enquanto os visionários ainda fazem parte do grupo dos malucos?

Maldita sociedade burra e sem escrúpulos.

domingo, 15 de maio de 2011

Interrogações

(Escritos de um velho caderno **25/12/2008**)


O que você pode esconder?
Qual a verdade que não podem ver?
Qual o segredo que persiste e você nunca vai dizer?

É o que te faz incomum?
Ou o que te torna só mais um?
O que te leva à loucura?
O que te tortura?

O que você omite?
O que não permite que saibam?
Quais são os fatos guardados em caixas sem nome?

O que você permite que pensem de você, mesmo não sendo de fato, o que pensam ser?
O que você deixa pensar?
Parecer ser?
O que tem escondido no fundo do armário?
O que tem escrito em seu diário?
Onde estão as chaves?

Por que longe?
Por que contigo?
Onde está?

O que faz de você um ser estar?
O que não deixa você ser um ser que é?

Por que não mostra a cara?
A de verdade?

Qual é a verdade?

A busca da canção perdida.

(Escritos de um velho caderno **25/12/2008**)

Eu procuro uma canção que fale por mim.
Que mostre minhas dores.
Que conte meus segredos.
Que descreva meus amores.
Que fale dos meus sonhos.
Que sonhe comigo.

Eu procuro uma canção
Que seja única,
Intensa,
Persuasiva,
Reflexiva,
Superlativa.

Eu procuro uma canção.
Como a melodia simples e leve.
Com acordes doces e sensatos.
Com arranjos firmes e modulados.

Eu procuro uma canção
Que toque,
Que fale,
Que seja,
Que esteja.

Eu procuro uma canção.
Que encante.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Rito do sono


Ouço os relógios. A casa dorme. A TV ainda está ligada. Meus olhos estão cansados, mas o cérebro não pára.

Meu travesseiro sente o peso do meu dia. O colchão enrijece as manobras do corpo cansado. O edredom abafa o suor do tempo. E o ventilador fica ligado pelo mal hábito adquirido.
 
O dedo aperta o botão, o televisor apaga. O corpo vira tentando se ajeitar e de repente os espasmos declaram a morte. E só então, na manhã seguinte, o eu ressuscita para mais um dia de labuta.